sexta-feira, 17 de junho de 2011

Potosí, Boca de Inferno.

Potosí é uma referência quase ancestral quando o assunto envolve minas e metais. A história do Cerro Mágico é cheia de lendas, a maior parte escrita por letras ensanguentadas, sejam elas coloniais, republicanas ou plurinacionais.

Fiz um rolê pelas minas do Cerro Potosí há uma semana, uma merda, turismo da vida precária. Quase desisti de escrever sobre isso. Depois me conveci que é melhor tentar cuspir alguma coisa sobre essa experiência negativa do que ficar esperando que as coisas melhorem...

O Turismo é um a parte.

A guia de turismo que me levou para Mina, Soledad, é neta de um mineiro; segundo ela é comum parentes de mineiros passarem a trabalhar com turismo.
Se você quer conhecer as condiçoes extremamente precárias que os trabalhadores sao submetidos ou se lhe interessa as experiências de organizaçao coletiva das minas Cooperativas de Estaño, nao perca tempo!

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Cerro Potosi hoje.

O ce
rro de Potosí está licenciado para uma centena de cooperativas de fachada, onde os mineiros de inscrevem para obter permissao de trabalho. A Federaçao de Cooperativas de Mineiros de Potosí (FEDECOMIN) conta com 17.840 sócios, quase 20% dos mineiros cooperativados em toda a Bolívia. Esses mineiros trabalham por conta e recebem o quanto conseguirem extrair de estaño. Como fazem seu próprio horário, a maior parte trabalha em turno de 4 ou 5 horas diárias, o suficiente para garantiar a comida e a cachaça (10US$/dia). Devem pagar um imposto de 12% sobre tudo que retiram como forma de contribuçao social (como um imposto de trabalhador liberal). Obviamente, eles nao pagam esse imposto sobre tudo que retiram e preferem gastar a aposentadoria enquanto sub-vivem.
Com esses dados e a primeira vista parece que a mineraçao boliviana está sob controle dos trabalhadores - nao há maior engano. As minas controladas por trabalhadores sao aquelas de metais menos preciosos (62% do estaño boliviano é cooperativado) e que exigem menor investimento em forças produtivas (pás, vagonetas de mais de 3 séculos e compressores de ar). Mas em geral todas as minas contam com remuneraçao baixíssima; extenuantes jornadas de trabalho em condiçoes mais que precárias e grandes índices de poluiçao ambiental, que atingem águas e ares de comunidades do entorno.
Apesar das diferenças entre as minas cooperativas e as de grande porte, o nivel de produtividade mundial, movido pelos grandes empreendimentos, determina a forma como a mineracao se dá também nas pequenas cooperativas. Afinal, o preço do Estaño nas Bolsas de Valores de Lima ou de Shangai determina automaticamente quanto um mineiro tem que se foder dentro da montanha.

A entrada da mina de Potosí, a 4.500 metros de altitude, estava coberta de sangue de Lhama, um feitiço que invoca misericórdia do
Tío, o diabo da mina, sempre sedento de sangue.

Andei por umas
4 horas dentro da mina, por caminhos sempre estreitos e com barro até a canela. Próximo à entrada a temperatura é parecida com a da cidade (10 ou 15 graus), mas conforme se vai aprofundando a temperatura aumenta muito, passa dos 35 graus fácil, fácil...
Mineraçao Plurinacional


A mineraçao na Bolivia passou por uma enorme crise durante a década de 1980, para se adequar as níveis de produtividade do mercado mundial. Nesse m
omento a atividade mineira estava quase inteira sob o controle do Estado, através da COMIBOL (Comissao Mineira de Bolivia). Com a crise, o Estado nao conseguiu segurar o emprego dos trabalhadores e diversas minas foram privatizadas, entre 1980-90, principalmente no Governo de Lozada. Somente em 1986, 23.000 mineiros foram demitidos em Potosí.

Desde entao a mineraçao foi reorganizada em toda a Bolivia: A extraçao de ouro e prata foi dividida por grandes empresas e a extraçao de minérios menos rentáveis passou ao controle das cooperativas, como no caso da exploracao de Estaño no Cerro de Potosí.

A estatal COMIBOL controla a maior empresa extratora de minérios do país, seguida por empreendimentos privados nacionais e multinacionais (como a Inty Raymi, San Cristobal, San Bartolomé, Sichi Huayra e Comsur). A maior parte dos empreendimentos de ouro, prata, cumbo e zinco está nesses seguimentos.

A exploraçao de Ouro na Bolívia está concentrada principalmente nas ladeiras orientais da Cordilheira Real e em amplas zona dos rios amazônicos. Como essa extraçao demanda o movimento de grandes quantidades de materiais em depósitos, acabam por destruir áreas agricultáveis (como aconteceu em Tipuani e nas Yungas, no departameno de La Paz) e causam o assoreamento de rios. A concentraçao do ouro nos depósit
os aluviais utiliza dragas e balsas e grande quantidade de mercúrio nos ares e nas águas. As exploraçoes de ouro subterrâneas produzem menos impactos ambientais por serem de menor porte, compensados pelos altos índices de acidentes mortais.

San Cristobal

O conflito entre mineiros, estado e empresas é constante. Essa semana mais de 600 campesinos de 30 comunidades tomaram de assalto a Mina de Abaroa no departamento de Potosí. A Empresa é uma das maiores
do país e é uma filial da japonesa Sumitomo. Os campesinos queimaram e destruíram parte das habitaçoes dos mineiros como forma de protesto pelo nao cumprimento de acordos sociais e ambientais por parte da San Cristobal. Entre as reinvidicaçoes estao: a instalaçao de um sistema de comunicaçao comunitário, eletrificaçao e a cobrança de um imposto sobre a água.
Trens de Estaño
A maior parte dos minérios extraídos do Cerro de Potosí é processada na cidade mesmo, em pequena e grandes oficinas. Uma vez purificado, os metais sao embarcados nos trens no baixio da cidade. A Associaçao de Moradores do bairro Estaçao está tentando se organizar para impedir o embarque dos metais alí. Depois de décadas respirando a poeira fina que levanta dos vagoes, o peito desses potosiños está petrificado. A estaçao recebe metais de diversas cidades vizinhas, como Porcos, e os trens seguem direto para portos chilenos.

Deformaçao, Doença e Morte

Em geral os maiores problemas ambientais causados pela min
eraçao envolvem a cola e o polvo. Os chamados diques de colas sao reservatórios de milhoes de metros cúbicos de dejetos liquidos e barro com cianeto, arsênico, chumbo e outros metais pesados que se infiltram no solo e poluem rios e córregos. Normalmente estes diques ficam abandonados quando a exploraçao de uma mina termina. O polvo é aquele pozinho fino que fica suspenso no ar. Bom, no ar ou na água essas substâncias podem causar diversos problemas:
El plubum puede tener un impacto adverso a la salud y particularmente al sistema nervioso de lo niños y los no nacidos (nonatos). Se ha demostrado que la exposición a arsénico aumenta el riesgo de que las personas desarrollen cáncer o algún otro tipo de trastorno nervioso o de la sangre. Los niveles bajos de cadmio por periodos prolongados pueden ser acumulados en el cuerpo y ocasionar enfermedades de los riñones. Altos niveles de cadmio también pueden dañar los pulmones. Demasiado zinc durante un periodo de tiempo corto puede causar retortijones del estomago, nausea, y vómito. La exposición prolongada a zinc puede causar anemia, daño al páncreas y otros problemas de salud. La inhalación de partículas de polvo que contengan selenio puede causar daño al tracto respiratorio y gastrointestinal. El selenio también puede tener efectos cardiovasculares y causar irritaciones de la piel y los ojos.
Mineraçao Colonial

A Coroa espanhola suspendeu as mais importantes leis novas, que faziam dos índios homens livres. Enquanto duraram, apenas três anos, quem as cumpriu? Na realidade continuam sendo escravos até os índios que levam marcada no braço, em carne viva, a palavra livre.
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Cinqüenta índios caídos por terem-se negado a servir nos túneis da mina. Não faz um ano que apareceu o primeiro veio e já se mancharam de sangue humano as ladeiras do morro. E a uma légua daqui, os penhascos da quebrada mostram manchas de um verde quase negro: sangue do Diabo. O Diabo tinha fechado a pau e pedra a quebrada que conduz a Cuzco e esmagado os espanhóis que passavam por ali. Um arcanjo arrancou o Demônio de sua cova e despedaçou-o contra as rochas. Sangue de índio, sangue de Diabo: agora, as minas de prata de Potosí têm mão-de-obra e caminho aberto. Antes da conquista, em tempos do Inca Huaina Cápac, quando o pico de pedra afundou nas veias de prata do morro, houve um espantoso estrondo que estremeceu o mundo. Então, a voz do morro disse aos índios: - Outros donos tem esta riqueza. - Eduardo Galeano.
Na semana passada, fiz um curso em La Plata com um professor bem gente boa, simples e crítico, chamado Pablo Quizbert, que apresntou um retrospecto do sistema colonial boliviano: a partir de 1580 a exploraçao mineira na Real Audiência de Charcas ganha peso e Potosí abre a boca do inferno para milhoes de pessoas.

Os indígenas passavam a semana inteira no alto das minas, só desciam aos sábados para a Emborachada de Chicha, onde eles tinham que conseguir tomar cachaça suficiente pra aguentar a próxima semana.


Pablo relativizou a idéia de que a Coroa Española se fundamentava na eliminaçao das diferenças étnico-linguísticas, era de interesse da metrópole manter a catequese em Aymara e Quéchua para tornar mais efetiva a dominaçao colonial.


Quizbert também colocou em questao a capacidade das atuais políticas indigenistas de descolonizar a vida social boliviana a partir da valorizaçao das línguas, etnias e tradiçoes culturais. Pelo jeito, boa parte das tradiçoes culturais reivindicadas pelas políticas do
Estado Plurinacional da Bolivia sao produtos do processo colonial; ao mesmo tempo, segundo Quizbert, a reinvidicaçao das identidades nao consegue fazer frente a um processo de dominaçao que internalizou a dominacao colonial em todas as linguas. Uma figura chave nessa relacao é o Cacique ou Curaca, que personificava a mediaçao Coroa-Comunidade. Ao final, ele deixou uma pergunta muito boa:
Qual é a capacidade que as políticas educacionais tem para descolonizar nossa vida social através da revalorizaçao das línguas e “tradiçoes”, uma vez que todos nós estamos presos à essa relaçao, como dominadores-dominados, deuses de duas caras?

Mineraçao Republicana: Na Colonia era pior?


Uma outra pulga que o Pablo lançou: ¿Até que ponto o imaginário negativo sobre o colonialismo nao serve para escamotear a negatividade da dominaçao republicana? Como se qualquer situaçao crítica que vivenciamos respondesse de antemao: Ah, na Colônia era pior!
“1942. El perigo Nazi. A las 6 d la tarde los edifícios de New York ya están degollados en el black-out. Se desangran por las incisiones de luz de sus plantas bajas. Gotitas innúmeras son los focos rojos de los automóviles. Arriba, los rasca cielos se ignoram unos a otros, como gigantes encapuchados que sonríen bajo el antifaz, escondido en el cilo de carbón.
En Park Avenue, bajo el peso de esa reunión oscura, una reptil claridad que parece de origen subterráneo se refleja en los rostros de las mujeres que pasan y en los cristales de las puertas giratorias de los hoteles.
Sombras alrededor del Waldrof. El rumor de la herida lumínica trapa algunos pisos y decae. Ya no alcanza hasta las ventanas de las torres con persianas cerradas y cortinas corridas. Silencio en el departamento del millionario, especialmente en el living celeste y beige – alfombras de Persia y pieles de vicuña – donde está sentado frente a la chimenea, debajo de una alta pantalla de luz broncínea, con la mirada perdida y con un periódico que cuelga de una de sus manos.
No lee el inglés ni lo habla. Pero ha podido ver en el diario su propria cabeza, emergindo en una columna, como de una montaña, del mullido cuello del abrigo de pieles. Y ao lado, el retrato de la mucama que se fue después del escándalo.
El los caracteres apretados que enmarcan los retratos, se cuenta que la waitress norteamericana ha demandado al millionario sudamericano la indemnización de 100.000 dólares, que se justiprecia dos bofetadas que le diera.
El el claroscuro etéreo de la estancia, parece el hombre más viejo que el retrato. Sus orejas se pegan al cráneo grueso y seboso, medio pelado, con cabellos cortos y canosos. Pómulos dutos y abultados y pequeños párpados sin pestañas que entoldan, sin dejar blanco en las pupilas borrosas, sus menudos ojos saltones y descontentos. El amplio y pesado labio superior car aplastando el ancho sapo de la boca. La piel de las mejillas cuelga por los lados del maxiliar hacinedo doble barba, solemne como la de un campeón vacuno. Comentaristas apócrifos sostienen que no es tan negro como aparece en las fotos, sino solamente trigueño, tirandoo a violáceo, especialmente en la zona de la nariz extraordinariamente porosa. El cogote, si, lo tiene negro y cerdoso, característico de los índios que llegan a engordar perteneciendo a una raza naturalmrnte enteca. Y dek mestizo obeso, tiene la expresión voluntariosa, de maciza insolencia, cual la de un oso que puede comprarse muchs abrigos de pieles.
Cuando aparece el en los periódicos, el público europeu o norteamericano supone que este señor puede ser un maharajá indostánico de los que cobran anualmente su peso en oro, un magnate japonés dek clan de los Mitsuim, o un cacique de tribu exótica vestido a la europea, o un torvo tirano de Sud o Centroamérica con reminiscencias de bisonte
... Es, en realidad, un poco de todo eso, pero de nacionalidad boliviana.

Lo cierto es que, açun en el transcurso de la 2a Guerra Mundial, abriendose paso entre las columnas de los periódicos, apretadas por las noticias del desembarco de las tropas aliadas en el Africa, la figura del potentado boliviano se multiplicó en la prensa estadunidense. Instantáneas tomadas por sorpresa lo exhibieron como a un antropoide en jaula de una columna, en pendent con mucamas, banqueros o flaer. Tambiém lo mostraran al anunciar que en sus minas de Bolivia estalló una huelga, felizmente saldada con sólo 300 obreros, hombres y mujeres, muertos con fuego de ametralladoreas.

Se ignora la impresión de magnate sobre este incidente, previsto en el funcionamento de la produción capitalista. Su digestión ha consolidado ya u estado de beatitud con el que contiúa asimilando, a distancia de 10.000 km las sustancias que los indios de sua país, ayudados por la tenica extranjera, extraen de las entrañas de una tierra desentrañada. Ha alcanzado, por su edad y su riqueza, casi la categoria de un Buda vivente, a quien ciertos sacerdotes de jaquet y pantalones a rayas alimentan con los poderes que a su alrededor atraen, mediante artes mágicas, sin que él tome otra parte activa en vivir que no sea la de lanzer un gruñido de alarma cuando uno de los de jaquet le supone en éxtasis, y, dejándose vencer por la tentación, alarga la mano hacía los manjares votivos.

Nada más, porque este rey mestizo ya no vive. Ya s imposible traerlo a su própria vida ni a la vida de su pueblo, animarlo, darle sensibilidad y humanidad. Solamente es posíble traerlo a la novela – Metal del Diablo, Augusto Cespedes.
Massacres indígenas sao incrivelmente mais violentos e comuns no período republicano. Quando um minerador obtém sua consessao de exploracao em funcao do número de escravos que possui, sabemos bem que nao vale a pena sair queimando capital a tôa. Mas quando o grito de liberdade autonomiza a violência e a força de trabalho, queimar trabalhadores revoltados pode significar uma estratégia necessária... Os 3 Baroes do Estaño de Potosi foram figuras emblemáticas nesse sentido.
Patiño teve seu capital purificado pela história e hoje está mais associado com o ramo de modas que de minas, metais e mineiros, essas coisas violentas. E os mineiros comemoram as coopertativas autônomas de autoexploraçao. Progresso.

http://noticiasmineras.mining.com/tag/estano/
http://www.ongamiradespierta.com.ar/tecnica.htm

http://www.ftierra.org/ft/index.php?option=com_content&view=article&id=5514:rair&catid=98:noticias&Itemid=175

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